A obesidade infantil é um dos grandes problemas de saúde pública pediátrica e afeta cerca de 224 milhões de crianças em idade escolar no mundo.1 Já é comprovado que o aleitamento materno pode diminuir em cerca de 25% as chances de uma criança desenvolver obesidade e ter a doença ainda na vida adulta.2
Recomendado como alimento exclusivo até os seis meses de vida, o leite materno é de máxima importância na nutrição infantil e traz uma série benefícios para a saúde da criança e da mãe.3 Saiba quais são as propriedades do leite materno e o quão protetor ele pode ser.
Quais são os benefícios do aleitamento materno para a criança?
Durante a gestação e a primeira infância, os órgãos e sistemas se desenvolvem e se adaptam facilmente a estímulos bons e ruins. O aleitamento materno, por exemplo, pode ajudar a proteger contra doenças como a obesidade infantil.4 A obesidade em crianças pode gerar consequências para além da infância, com o aparecimento de diversas doenças. Sendo assim, a prevenção é fundamental desde o nascimento.3
Além de ajudar a diminuir o risco de desenvolver a obesidade infantil, o aleitamento materno auxilia na prevenção de problemas de saúde, como:3
🗸 Diarreia;
🗸 Infecção respiratória;
🗸 Alergias;
🗸 Hipertensão;
🗸 Colesterol alto;
🗸 Diabetes;
🗸 Mortalidade infantil;
Quais são os benefícios do aleitamento materno para a mãe?
O aleitamento materno não traz benefícios somente para a criança. Do ponto de vista da saúde da mulher, tem grande importância nas seguintes situações:3
🗸 Proteção contra o câncer de mama - as chances podem reduzir em 4,3% a cada 12 meses de amamentação;3
🗸 Evita nova gravidez – o aleitamento materno pode agir como um método anticoncepcional nos primeiros seis meses após o parto, com 98% de eficácia, desde que a mulher esteja amamentando exclusiva ou predominantemente e ainda não tenha menstruado.3
Como o leite materno é capaz de proteger a saúde da criança?
Composto por lipídeos, proteínas, carboidratos, vitaminas, minerais e componentes imunológicos,6 o leite materno influencia na expressão dos genes da criança, “silenciando” os genes ruins. Isso significa que o leite ajuda o organismo do bebê a melhorar a forma com que os genes são lidos, ajudando na proteção de efeitos danosos do ambiente e no bom desenvolvimento neuropsicomotor.4
Outra forma de proteção é melhorar a “leitura dos genes”. Já é comprovado que os micro RNAs (material genético) presentes no leite materno agem na formação dos órgãos, o que melhora o desenvolvimento neuropsicomotor - relacionado a habilidades motoras, linguísticas e sociais - e reduz as chances de desenvolver obesidade.4
Esses micro RNAs funcionam como uma comunicação celular entre a mãe e a criança e estão presentes em concentrações diferentes tanto no colostro, primeiro leite a ser produzido na amamentação, como no leite maduro.4
Também existe outro mecanismo do leite materno no que diz respeito à proteção do bebê. A presença da leptina, substância que controla a saciedade faz a criança aprender a parar de comer quando já está satisfeita.4
O que pode causar a obesidade infantil?
Entre as crianças acompanhadas na Atenção Primária à Saúde do SUS, 14,8% das crianças abaixo de 5 anos têm excesso de peso, enquanto em crianças de 5 a 9 anos esse percentual é de 28,1%. Dentre elas, 7% e 13,2%, respectivamente, apresentam obesidade.5
Atenção! O diagnóstico da obesidade infantil é feito com base no peso, altura, idade e sexo. A partir da classificação do Índice de Massa Corporal (IMC) por idade e cálculo do Z-Score (estatura da criança – estatura média da população referência dividido por desvio-padrão para idade e sexo), é possível avaliar do estado nutricional da criança.5
No caso da obesidade infantil, a ausência do aleitamento materno pode ser mais um fator para o desenvolvimento da doença. Vale ressaltar que o leite materno deve ser a única fonte de nutrientes nos seis primeiros meses de vida da criança.1
A partir de então, é recomendado um complemento à alimentação de acordo com as necessidades nutricionais e o desenvolvimento da criança. É importante privilegiar frutas, verduras e legumes e estar atento ao tipo de gordura ingerida.7 O aleitamento materno pode ser mantido durante dois anos ou mais.1
Atenção! O excesso de alimentação durante a primeira semana de vida pode ter reflexos negativos na saúde da criança, inclusive existe o risco de ficar acima do peso já no segundo ano de vida.7
BR21OB00072 - Out./2021
Referências: 1.Lima E. Conscientização contra a obesidade mórbida infantil. Fiocruz. https://portal.fiocruz.br/noticia/conscientizacao-contra-obesidade-morbida-infantil Acessado em 27/09/2021. 2.Koletzko B, Schaller A, Graeve L et al. Ernährungsfachtagung der DGE-BW e.V. Perinatale Programmierung Wie bestimmt die Ernährung der Schwangeren und des Kleinkindes das spätere Leben? Universität Hohenheim. https://www.dge-bw.de/files/dge-bw/uploads-files/PDFs-DGE/Dokumentationsband%20EFT%20Perinatale%20Ernaehrung%202017.pdf. Acessado em 27/09/2021. 3.Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica. Saúde da Criança: Aleitamento materno e alimentação complementar. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_aleitamento_materno_cab23.pdf. Acessado em 27/09/2021. 4.Sociedade de Pediatria de São Paulo. Efeito protetor do leite materno na prevenção da obesidade infantil. https://www.spsp.org.br/2020/09/10/efeito-protetor-do-leite-materno-na-prevencao-da-obesidade-infantil/. Acessado em 27/09/2021. 5.Saúde Brasil. Obesidade Infantil: como prevenir desde cedo. https://saudebrasil.saude.gov.br/ter-peso-saudavel/obesidade-infantil-como-prevenir-desde-cedo. Acessado em 27/09/2021. 6.Silva L. Determinantes maternos associados à composição nutricional do leite materno. Fundação Oswaldo Cruz Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/34708/2/leila_silva_iff_mest_2018.pdf. Acessado em 27/09/2021. 7.Sociedade Brasileira de Pediatria. Manual de orientação - Obesidade na infância e adolescência. https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Manual_de_Obesidade_-_3a_Ed_web_compressed.pdf . Acessado em 27/09/2021.