Fisiologia da obesidade
Fisiologia da obesidade

A obesidade é desenvolvida ao longo de um tempo, a partir de um desequilíbrio de energia. De modo geral, isso acontece quando a energia ingerida pelo corpo por meio de alimentos e bebidas, medida em calorias, é maior do que a energia gasta por ele.1

No entanto, alguns fatores influenciam a forma como o organismo de uma pessoa consome, gasta e armazena energia.2  Saiba como a fisiologia da obesidade pode afetar o tratamento da doença.

Fisiologia da obesidade - fatores genéticos envolvidos no desenvolvimento da doença

 

São mais de 400 genes relacionados à predisposição...

Esses fatores genéticos para a obesidade estão associados aos chamados “genes poupadores”. Há milhares de anos, quando a caça era a principal fonte de alimento e não havia formas de armazenar comida, os genes poupadores enviavam ao organismo comandos para acumular o máximo de energia possível para, assim, sobreviver aos tempos de escassez.2

Milênios depois, o acúmulo de energia para sobrevivência passou a ser desnecessário, mas os genes poupadores continuaram a exercer a função de estocar energia, fazendo com que algumas pessoas tenham mais propensão a acumular gordura no corpo e desenvolver obesidade. Os genes poupadores também são os responsáveis pelo ganho de peso logo após dietas rigorosas, pois emite sinais para que o corpo acumule energia, já que está recebendo pouco alimento.2

É importante ressaltar que, embora influenciem na predisposição à obesidade, os fatores genéticos não são determinantes para o desenvolvimento da doença. Fatores modificáveis, como ambientais e comportamentais, são responsáveis pela maior parte dos casos de pessoas com obesidade.3

Fisiologia da obesidade - fatores ambientais e comportamentais envolvidos no desenvolvimento da doença

São fatores evitáveis, ou seja, que não dependem da influência genética. Os principais deles são:3,4

Má alimentação – consumo excessivo de fast food, alimentos e bebidas ultraprocessados e ricos em gorduras e açúcares.3

    🗸  Viver, transitar ou ser frequentemente exposto a propagandas e comércio de alimentos não saudáveis contribui para a má alimentação da população, principalmente em centros urbanos.3

Sedentarismo – o estilo de vida sedentário moderno, em que grande parte da população passa muito tempo em frente a telas e/ou vive em regiões de risco para a prática de exercícios físicos, contribui para a incidência da obesidade.3,4

    🗸  Crianças menores de três anos e que assistem a mais de duas horas de televisão por dia tendem a desenvolver excesso de peso.3

Fatores emocionais e psicológicos – estresse e transtornos psiquiátricos, como ansiedade, compulsão alimentar, depressão, entre outros, influenciam a forma que a pessoa lida com a prática de exercícios físicos, atividades de lazer ao ar livre e preparo de alimentos saudáveis.3

    🗸  Estudos mostraram que algumas pessoas tendem a comer mais quando são afetadas por transtornos como ansiedade e depressão.3

Comportamentos pré-natais – crianças cujas mães fumaram na gravidez ou são diabéticas têm mais chances de desenvolver obesidade ao longo dos anos.3,4

Aleitamento materno insuficiente – crianças que foram amamentadas somente até os três meses têm mais chances de desenvolver obesidade ao longo dos anos.3

Fisiologia da obesidade – fatores homeostáticos envolvidos no desenvolvimento da doença

O peso do corpo é regulado por uma série de mecanismos controlados em conjunto pelos sistemas neurológico e hormonal. Esses mecanismos dependem diretamente do balanço energético e da ingestão de nutrientes para que funcionem adequadamente e estão envolvidos no controle do apetite e sensação de saciedade. Entenda alguns dos principais elementos dos mecanismos envolvidos na regulação do peso:5

    🗸 Hormônios que reduzem o apetite – como a leptina, por exemplo, produzida nas células de gordura;

    🗸 Hormônios que provocam a sensação de fome – como a grelina, produzida principalmente no estômago;

    🗸 Hormônios que regulam a glicose no organismo – como a insulina, produzida pelo pâncreas;

    🗸 Hipotálamo – parte do cérebro responsável por enviar sinais hormonais e neurais para outras estruturas do cérebro, tecido adiposo e trato gastrointestinal.6

Em pessoas com obesidade esse sistema homeostático sofre desequilíbrios, o que explica, inclusive, por que é tão difícil evitar o reganho de peso após dietas e novos hábitos de vida e a relação entre a obesidade e diabetes.2,5 Veja como o desequilíbrio no sistema homeostático pode agir no organismo de uma pessoa com obesidade:

Propensão em ganhar mais peso – a leptina, que é produzida pelas células de gordura, controla o apetite. Porém, o tecido adiposo também produz proteínas inflamatórias, que impedem que o sinal desse hormônio chegue ao cérebro. Assim, quanto mais tecido adiposo uma pessoa tiver, mais proteínas inflamatórias ela produzirá e pior será o controle do apetite. Isso gera um ciclo vicioso, que estimula a ingestão exagerada de alimentos e o ganho de peso.2

Propensão a desenvolver diabetes – cerca de 80% a 90% das pessoas que desenvolvem o diabetes tipo 2 possuem obesidade. A relação entre obesidade e diabetes pode ser explicada pelo fato de que o tecido adiposo, quando aumentado, produz substâncias que dificultam o trabalho do organismo em captar a glicose e transformá-la em energia. Ou seja, há uma resistência à insulina.2

Propensão ao reganho de peso – quando uma pessoa com obesidade perde peso por meio de uma dieta, por exemplo, o organismo sofre algumas adaptações para compensar a perda. As principais delas são:2,5

    🗸 Diminuição no gasto de energia, deixando o metabolismo mais lento;

    🗸 Resistência ao hormônio leptina, reduzindo a sensação de saciedade;

    🗸 Aumento da produção de grelina, hormônio que provoca fome.2,5

Então, como garantir a manutenção do peso?

Devido aos fatores homeostáticos envolvidos na fisiologia da obesidade, evitar o reganho de peso durante o tratamento da obesidade, ao longo dos anos, muitas vezes não depende apenas de mudanças de hábito. Além da dieta equilibrada e exercícios físicos, que devem ser considerados tratamentos para toda a vida, podem ser necessários tratamentos que modifiquem os fatores homeostáticos para a obesidade:5

 

Medicamentos e cirurgia bariátrica...

É importante ressaltar que nenhuma estratégia é capaz de tratar a obesidade isoladamente. Por ser uma doença crônica e multifatorial, o tratamento deve ser contínuo e baseado em um conjunto de estratégias, acompanhadas por uma equipe multidisciplinar - médico, nutricionista, educador físico, psicólogo, entre outros profissionais.5

BR21OB00075 - Nov./2021

Referências: 1. National Heart, Lung and Blood Institute. Overweight and Obesity. https://www.nhlbi.nih.gov/health-topics/overweight-and-obesity#:~:text=Overweight%20and%20obesity%20develop%20over,your%20body%20to%20store%20fat – Acesso em 08/10/2021. 2. Aguiar RS, Manini R. A fisiologia da obesidade: bases genéticas, ambientais e sua relação com o diabetes. ComCiência, Campinas, n.145, fev.  2013. http://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-76542013000100003&lng=pt&nrm=iso – Acesso em 08/10/2021.  3. Harvard Health Publishing. Why people become overweight.  https://www.health.harvard.edu/staying-healthy/why-people-become-overweight- Acessado em 08/10/2021.  4. Harvard School of Public Health. Obesity Prevention Source.  https://www.hsph.harvard.edu/obesity-prevention-source/obesity-causes/. Acesso em 08/10/2021.  5. Greenway FL. Physiological adaptations to weight loss and factors favouring weight regain. Int J Obes (Lond). 2015; 39 (8): 1188-1196.  https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4766925/. Acesso em 08/10/2021.  6. Sanar. Obesidade: conceito, epidemiologia, fisiopatologia, tipos e danos. https://www.sanarmed.com/obesidade-conceito-epidemiologia-fisiopatologia-tipos-e-danos-colunistas. Acesso em 08/10/2021.

Encontre o médico mais próximo de você.

Procure um médico

Se você tem dúvidas sobre seu peso ou IMC, busque uma orientação médica. Presencialmente ou de forma virtual, uma conversa com um médico pode ser o primeiro passo para começar a buscar mais qualidade de vida.