O que é o estigma da obesidade e o que ela pode causar

Estigma da obesidade pode trazer problemas psicológicos e físicos - saiba como lidar

O estigma da obesidade é um tipo de preconceito que alguém pode sofrer de acordo com seu peso. Composto por uma série de atitudes negativas, esse estereótipo pode levar à marginalização dessa pessoa em grupos sociais, prejudicá-la emocionalmente e gerar complicações para a saúde.¹

Esse estigma pode afetar um número considerável de pessoas. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, um em cada cinco brasileiros está com obesidade ou sobrepeso - cerca de 40 milhões no total. Já em escala mundial, em torno de 2,3 bilhões de pessoas podem estar acima do peso, de acordo com projeção da Organização Mundial da Saúde (OMS).²

Como ocorre o estigma social da obesidade

Um equívoco que pode ser comum para uma pessoa com obesidade ouvir é uma suposta “solução fácil para seus problemas”: que é só questão de "tentar" comer menos e não "ter preguiça" de fazer exercícios físicos e, pronto, magicamente perderia peso. São esses exemplos e outros pensamentos errôneos que podem compor o estigma social da obesidade, enraizada em parte da população, que desconhece (ou ignora) evidências científicas sobre a questão.^2,3

A fonte do preconceito pode vir de diferentes lugares. Pessoas com obesidade podem sofrer com comentários e ataques de educadores, colegas ou chefes do trabalho, amigos, familiares, profissionais da saúde e até do conteúdo propagado na mídia.^1,4 Dados de um estudo da Universidade de Connecticut, nos EUA, mostram os grupos que mais sofrem com preconceito contra obesidade:¹

Crianças com obesidade em idade escolar têm 63% mais chances de sofrer algum tipo de bullying;¹
54% das pessoas com sobrepeso relatam sofrer algum descrédito ou estereótipo por colegas de trabalho;¹
69% dos adultos com obesidade já sofreram algum preconceito de profissionais de saúde durante o atendimento;¹
As mulheres são as que mais sofrem com estigma de obesidade, apesar dos homens também terem dificuldades. No gênero feminino, há principalmente uma maior pressão sobre a alimentação;¹^,⁶
Há países em que mais de 70% de imagens e vídeos da mídia reforçam os estereótipos equivocados sobre pessoas com obesidade;¹
As redes sociais se tornaram um novo ponto de alerta para quem sofre com estigma da obesidade, pois propagam debates acalorados e, muitas vezes, equivocados sobre a questão.¹

Prejuízos que o estigma do sobrepeso pode trazer

A cobrança irreal que o estigma do sobrepeso proporciona traz expectativas que poderão ser frustradas e mascara os verdadeiros desafios que as pessoas com obesidade devem enfrentar para evitar complicações de saúde psicológica ou física. Além disso, essa discussão em torno de comportamentos individuais negligencia fatores importantes - como os biológicos, sociais e ambientais – que envolvem a obesidade.^2,5

O medo do estigma da obesidade pode levar a pessoa a evitar a busca por cuidados médicos, fazendo com que ela resista ao tratamento da obesidade e prevenção do avanço da doença.²

Estudos científicos relacionam casos de agravo da obesidade que ocorrem devido ao próprio estigma, pois esse tipo de pressão sobre a pessoa pode surtir o efeito contrário.^2,5 Veja outros quadros clínicos que podem ocorrer:

Elevação dos níveis de hormônios que geram estresse, como o cortisol;⁵
Maior impulsividade na hora de se alimentar, o que gera ganho de peso;²
Maior insatisfação corporal e sensação de vergonha consigo mesmo;¹
Distúrbios psicológicos, como depressão e ansiedade;⁶
Aumento da pressão arterial e do volume e quantidade de gordura visceral.⁶

Como combater os estigmas da obesidade

As pessoas com obesidade não são as únicas que devem atuar na missão de combater os preconceitos enraizados no estigma social. Essa é uma tarefa da sociedade como um todo, pois isso pode ajudar na prevenção de distúrbios emocionais ou psicológicos em quem possa ter um quadro de obesidade no futuro.⁴

As pessoas com sobrepeso ou com obesidade e que se sentem marginalizadas ou desamparadas podem buscar um apoio como:

Atendimento com psicoterapeuta - conversar com um profissional de saúde mental pode ajudar na resolução de questões comportamentais e emocionais que podem estar relacionadas à alimentação. A terapia pode ajudar, por exemplo, a entender o que causa ansiedade na hora de se alimentar, distúrbio que contribui para a compulsão em comer.⁷

Acompanhamento diário - É importante também aprender a monitorar a dieta, buscar reconhecer quais são os possíveis gatilhos alimentares e como lidar com a impulsividade durante as refeições.⁷
Grupos de apoio - espaço ideal para quem busca compreensão, os grupos de apoio buscam ajudar pessoas que precisam lidar com estigma social da obesidade.⁷

A OMS considera obesidade um problema de saúde pública. Portanto, é necessário que a sociedade como um todo se engaje contra a cultura do preconceito contra obesidade, contribuindo para uma conscientização baseada em informações de saúde:⁴

Jornalistas, comunicadores, prestadores de serviço e qualquer pessoa que produza mídia sobre obesidade devem utilizar imagens linguagem que não estigmatize;⁴
É importante que se incentive pesquisas que busquem trazer as melhores linguagens e mensagens sobre nutrição, obesidade e atividade física para evitar a reprodução de estigmas e que realmente haja um incentivo para comportamentos mais saudáveis;⁴
Campanhas de saúde pública devem parar de enquadrar a obesidade como uma escolha e utilizar evidência científicas para conversar sobre o tema.⁴

BR21OB00097 - Dez./2021

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Procure um médico

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