Quando a cirurgia bariátrica é necessária no manejo da obesidade?

As estratégias para lidar com a obesidade podem variar de um indivíduo para outro e, inclusive, envolver intervenção cirúrgica.

Continue a leitura para saber o motivo e que outros tipos de cuidados estão disponíveis para a obesidade.

Existe algum critério para indicar cirurgia bariátrica no manejo da obesidade?

Pode até parecer mais rápido e prático lidar com a obesidade por meio de cirurgia bariátrica. No entanto, a decisão não é tão simples assim.

Existem critérios para poder fazer a cirurgia bariátrica? Sim, existem critérios internacionais, também adotados no Brasil, para alguém ser candidato à cirurgia. São eles:

    🗸  Índice de massa corporal (IMC) de 35 kg/m² até 39,9 kg/m² e também ter uma ou mais comorbidades que sejam graves e possam melhorar com a cirurgia. Comorbidade é quando há duas ou mais condições relacionadas ao mesmo tempo e que podem se potencializar mutuamente. Já para quem não tem comorbidade, o IMC precisa ser igual ou maior que 40 kg/m²;

    🗸  Impossibilidade do gerenciamento clínico da obesidade, ou seja, precisa estar documentado que não foi possível perder peso ou manter a perda apesar de cuidados médicos regulares com dieta, exercícios físicos, psicoterapia e medicamentos durante, pelo menos, dois anos;

    🗸  Idade entre 18 e 65 anos: caso a pessoa esteja acima desse limite de idade, ela precisará passar por uma avaliação específica, que leva em conta o risco da anestesia e da cirurgia e também a existência de comorbidades. Adolescentes a partir dos 16 anos também podem ser operados, desde que já tenham parado de crescer e haja o consentimento dos responsáveis.

Embora seja possível perder cerca de um terço do peso ou ainda mais com a cirurgia bariátrica, ela não impede que a pessoa recupere o peso depois. O sucesso da intervenção cirúrgica depende de seguir as orientações sobre alimentação e praticar exercícios regularmente por toda a vida, preferencialmente com acompanhamento médico periódico.

Existe mais de um tipo de cirurgia bariátrica?

Existem várias técnicas de cirurgia bariátrica, mas em quase todas é feita a remoção cirúrgica de parte de um determinado órgão do sistema digestivo. Veja o que acontece em cada uma delas:

Banda gástrica ajustável: é uma espécie de anel de silicone colocado em torno da parte superior do estômago. Esse anel é inflado e isso aumenta a sensação de saciedade com menor ingestão de alimentos. Esse procedimento pode ser revertido;

Gastrectomia vertical: parte do estômago é removida e no lugar é colocado um tubo gástrico estreito, o que limita a quantidade de alimento que pode ser ingerida de cada vez;

Bypass gástrico em Y de Roux: é um procedimento que reduz o espaço do estômago e gera um desvio do intestino, diminuindo a capacidade de ingestão de alimentos e a absorção de calorias;

Derivação biliopancreática por switch duodenal: parte do estômago é removida e um desvio no intestino é feito para que os alimentos e os sucos digestivos só se misturem um pouco antes do fim do intestino delgado. Tudo isso diminui a absorção de calorias e nutrientes.

Quais são os outros cuidados com a obesidade?

É importante saber que as mudanças de estilo de vida, incluindo dieta, prática de exercícios físicos e uso de medicamentos, quando necessários, são essenciais no manejo da obesidade. Essas estratégias devem ser aplicadas de modo personalizado e podem incluir diversos profissionais da área da saúde. Quanto mais apoio a pessoa tiver – inclusive apoio psicológico especializado −, maiores são as chances de mudar hábitos que contribuem para o ganho de peso e podem prejudicar a saúde como um todo.

Gerenciamento da obesidade com medicamentos: em caso de IMC ≥ 27 kg/m² associado a comorbidades ou ≥ 30 kg/m² sem comorbidades, o médico pode prescrever o uso de medicamentos. Alguns deles agem no sistema nervoso, provocando saciedade. Outros atuam no sistema digestivo, diminuindo a absorção de alimentos, e também há os que fazem o estômago esvaziar mais devagar, diminuindo a sensação de fome. No entanto, nunca se deve tomar medicamentos para emagrecer por conta própria, mas apenas com indicação do médico, após avaliação do caso.

Gerenciamento da obesidade com mudanças na alimentação: não se trata apenas de consumir menos calorias do que se gasta. O cardápio para a perda de peso deve ser individualizado para aumentar as chances de manter a mudança de alimentação e a reeducação alimentar. O plano alimentar precisa ser balanceado e variado, conforme orientação de um nutricionista e com o acompanhamento do médico.

Gerenciamento da obesidade com exercícios físicos: depois de passar por uma avaliação médica para saber quais exercícios são mais indicados e se há algum tipo de restrição, o ideal é fazer exercícios por toda a vida para que os resultados sejam duradouros. Além de ajudar a perder peso e a manter a perda, exercitar-se regularmente traz benefícios para a saúde em geral.

Gerenciamento da obesidade com apoio psicológico: a psicoterapia é importante para levar adiante outras estratégias, como mudar a alimentação, abrir mão de hábitos sedentários e fazer exercícios. Ela reforça a motivação e ajuda a não retomar antigas práticas.