Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 124 milhões de crianças e adolescentes no mundo têm obesidade. Entretanto, para cada quatro adolescentes que fazem parte desse quadro, um não sabe que tem obesidade. A falta de informação sobre obesidade infantil e na adolescência também se estende aos adultos: a cada três pais ou responsáveis, um desconhece que a criança ou o adolescente tem obesidade.

Obesidade na adolescência é tema de estudo global

O estudo ACTION teens, apresentado recentemente no Congresso Europeu de Obesidade (ECO) em Maastricht, na Holanda, apontou os desafios que crianças e adolescentes com obesidade enfrentam.

Ele revelou dados levantados sobre o nível de conscientização e gerenciamento da obesidade por parte dos adolescentes, de seus responsáveis e dos profissionais de saúde que os acompanham. Trata-se do resultado de uma pesquisa quantitativa em três grupos de entrevistados em dez países. Participaram dela mais de cinco mil adolescentes de 12 a 17 anos que têm obesidade, mais de cinco mil pais/responsáveis e mais de dois mil profissionais de saúde.

Os resultados mostram que a maioria dos adolescentes com obesidade está preocupada com a própria saúde e deseja perder peso, mas um terço deles se sente incapaz de falar com seus pais sobre isso e muitos recorrem às mídias sociais para orientação.

Outro dado que chama atenção é que dois terços dos adolescentes sentem que é somente deles a responsabilidade de lidar com o excesso de peso, o que não é verdade. O acompanhamento profissional e o envolvimento da família são essenciais para a gestão da obesidade.

Confira mais detalhes sobre como o ACTION teens foi realizado e alguns dos resultados encontrados:

Quais são os riscos da obesidade infantil e na adolescência?

A obesidade em crianças e adolescentes é um problema grave, que pode levar a uma série de complicações para a saúde ao longo da vida, além de ter consequências psicossociais e emocionais. Os riscos associados à condição incluem:

• Diabetes tipo 2;
• Resistência à insulina;
• Hipertensão;
• Aumento do colesterol;
• Doenças cardiovasculares;
• Doença renal crônica;
• Problemas respiratórios, como asma e apneia do sono;
• Alguns tipos de câncer;
• Problemas nos ossos e articulações;
• Efeitos psicológicos, como depressão, ansiedade e baixa autoestima.

Quando não diagnosticada e cuidada, a obesidade que se apresenta já na infância e na adolescência tem uma grande probabilidade de persistir na idade adulta. Além disso, tem um impacto mais grave ao longo da vida do que a obesidade que se inicia mais tarde. É por isso que a alta incidência do excesso de peso nessa faixa etária é tão preocupante. Os dados a seguir ajudam a entender a dimensão do problema:

Como é feito o diagnóstico da obesidade infantil e na adolescência?

A obesidade infantil e na adolescência pode ser diagnosticada pelo médico com a ajuda de algumas ferramentas. Uma delas é o índice de massa corporal (IMC), que avalia o peso em relação à altura. O médico calcula o IMC e o relaciona com o sexo e a idade da criança ou adolescente, utilizando uma tabela de referência. Com isso, é possível verificar se o desenvolvimento está acontecendo de acordo com o esperado e se o peso atual está acima, abaixo ou dentro do esperado.

   ✓ A tabela utilizada para classificar o IMC de adultos é diferente e não deve ser aplicada a essas faixas etárias. Como as crianças e adolescentes estão em fase de desenvolvimento, a classificação do IMC infantil obedece a critérios específicos.

Como é feito o gerenciamento da obesidade infantil e na adolescência?

O gerenciamento da obesidade em crianças e em adolescentes deve envolver uma equipe multidisciplinar, formada por pediatra, nutricionista e, em muitos casos, psicólogo. A abordagem é individualizada e considera fatores como a idade da criança ou do adolescente e a presença de outras condições de saúde.

A perda de peso nem sempre é o objetivo do manejo da condição, porque o crescimento da criança pode fazer com que a faixa de IMC fique adequada para ela ou para o adolescente.

Em outros casos, porém, a perda de peso é recomendada. Para isso, serão necessárias mudanças no estilo de vida, com a adoção de uma alimentação saudável e da prática de atividades físicas. O profissional de saúde dará orientações mais detalhadas sobre como isso deve ser feito e irá avaliar a necessidade de terapias medicamentosas e de suporte psicológico.

No entanto, é importante ter em mente alguns pontos:

   ✓ As mudanças na rotina devem ser instituídas gradativamente, respeitando as possibilidades de cada criança ou adolescente;

   ✓ Pais e cuidadores devem fornecer incentivo e propiciar, em casa, um ambiente favorável à adoção de hábitos saudáveis;

   ✓ Para que as alterações de hábitos não sejam encaradas como um sofrimento, é recomendado tornar as refeições um momento de afeto e aprendizado junto da família e promover atividades físicas lúdicas e recreativas.