Perfil Alimentar

Tratamento da obesidade baseado no perfil alimentar

A obesidade pode ter causas genéticas, ambientais, emocionais, sociais e de estilo de vida. O aumento da ingestão de calorias, o consumo de alimentos de má qualidade nutricional e a falta de atenção ao ato de comer são fatores importantes quando pensamos no estilo de vida associado ao desenvolvimento e à manutenção da obesidade. Assim, tratar a obesidade dando atenção especial ao padrão e ao comportamento alimentar são pontos essenciais para melhorar a saúde e o bem-estar.

Tratamento da obesidade envolve mudança no padrão alimentar

Inicialmente, é importante entender que não existe um padrão alimentar único e saudável para tratar a obesidade. Sabemos também que as intervenções nutricionais resultam em respostas individuais diferentes. Isso significa que cada pessoa responde de um jeito e se adequa melhor a um tipo de dieta. O que funciona para uma pessoa pode não funcionar da mesma forma para outra.

Restrições rigorosas de calorias levam sim à perda de peso no curto prazo, e às vezes são necessárias dependendo da situação de saúde de cada um. Nesses casos, devem ser aplicadas apenas sob supervisão médica e nutricional, pois trazem risco à saúde. No longo prazo, as restrições rigorosas não funcionam e podem contribuir para o indesejável efeito sanfona, que vai tornando a perda de peso cada vez mais difícil.

Deve-se desconfiar de soluções nutricionais rápidas para a obesidade. Frequentemente somos atraídos por dietas da moda que prometem perda de peso rápida e fácil. A realidade, no entanto, é que não existem alimentos mágicos ou soluções rápidas.

Hoje em dia, a ciência mostra que o melhor padrão alimentar para o tratamento da obesidade é aquele que a pessoa consegue manter no longo prazo para melhorar sua saúde geral, promovendo uma relação saudável com os alimentos e uma perda de peso de forma duradoura. Esse padrão deve considerar:

Orientações para estabelecer padrão alimentar no tratamento da obesidade

Há algumas orientações relacionadas à alimentação e ao comportamento alimentar que podem em muito ajudar no estabelecimento de um padrão alimentar saudável para o tratamento da obesidade. Vamos apresentá-las seguir:

No dia a dia - consumir alimentos frescos (in natura) e alimentos que sofreram alterações mínimas na indústria, como moagem, secagem, pasteurização etc. (minimamente processados), preparados em casa ou de forma caseira, com ingredientes que conhecemos. Eles devem ser a base da nossa alimentação. Para isso, deve-se ir ao mercado e às feiras livres, e escolher alimentos variados, incluindo:

  • Frutas;
  • Legumes;
  • Verduras;
  • Leguminosas (feijões, lentilha, ervilha, grão de bico, soja);
  • Cereais (milho, arroz, trigo, massas);
  • Leite e derivados com baixo teor de gordura;
  • Carnes magras, aves, peixes e ovos;
  • Castanhas.

Quando for comer fora de casa, é interessante preferir restaurantes que ofereçam comida preparada na hora. Esta é uma recomendação que ajuda a consumir alimentos e refeições que contribuam para a saúde de forma ampla, rica em vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes, e com teor reduzido de gordura saturada, colesterol e sódio.

Quando cozinhar - utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades. Se utilizados com moderação, podem tornar a alimentação mais saborosa, mantendo seu equilíbrio nutricional. Esse hábito auxilia a prevenir o consumo excessivo de calorias e sal.

  • Óleos e gorduras, por exemplo, têm 20 vezes mais calorias por grama do que do que legumes e verduras após cozimento;
  • O açúcar tem 5 a 10 vezes mais calorias por grama do que a maioria das frutas;
  • Certificar-se que as gorduras vêm de fontes saudáveis, como óleos de oliva, canola e soja, o abacate, castanhas e nozes.

Consumir alimentos processados de forma moderada - eles são produtos fabricados essencialmente com adição de sal ou açúcar a um alimento fresco ou minimamente processado, utilizando-se se técnicas industriais. Exemplos de alimentos processados são:

  • Queijos;
  • Enlatados, como milho, cenoura, palmito; extrato ou concentrado de tomate (com adição de sal/açúcar);
  • Frutas em calda ou cristalizadas;
  • Carne seca e atum enlatados;
  • Pães feitos de farinha de trigo, leveduras, água e sal.

Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados - são produtos industriais, impossíveis de serem produzidos em uma cozinha doméstica. Seus componentes principais são substâncias derivadas de alimentos (amido e gorduras) ou produzidas em laboratório (aditivos). Não possuem semelhança com o alimento in natura original e tem composição nutricional desbalanceada. Alguns exemplos:

  • Bebidas açucaradas, como refrigerantes, sucos de caixa ou em pó e bebida láctea adoçada;
  • Molhos prontos;
  • Massa de bolo pronto;
  • Produtos prontos para aquecer ou comer;
  • Salgadinho de pacote;
  • Embutidos, como salsicha etc.

Os alimentos ultraprocessados costumam ser muito saborosos e não promovem a saciedade, o que induz ao consumo de elevadas quantidades. No geral, eles são pouco nutritivos, ricos em aditivos químicos e muito calóricos. Em contraste, frutas e vegetais fornecem muito menos calorias e muito mais nutrientes e uma porção muito maior. Ao comer porções maiores de alimentos com menos calorias e mais fibras, há redução da fome, ingestão de menos calorias e mais sensação de conforto com a refeição, o que contribui para o grau de satisfação geral.

  • Contudo, nenhum alimento deve ser proibido, pois quanto mais a pessoa se proíbe de comer algo, mais desejo sente pelo alimento e se torna mais comum exagerar na comida.

Comer com atenção total - observando às necessidades do corpo e os sinais de fome e saciedade. Comer quando perceber que o corpo está necessitando de comida e parar de comer quando perceber que está saciado ajuda a controlar a ingestão calórica. Durante as refeições, deve-se focar no presente e aproveitar os alimentos com os cinco sentidos:

  • Olhar;
  • Sentir o aroma;
  • Degustar;
  • Perceber as sensações táteis da comida e os sons da mastigação.

Praticar o hábito de cozinhar e de sentar-se à mesa - isso significa dar à alimentação o tempo e o espaço que ela merece. O hábito de cozinhar em casa está associado ao consumo de porções menores, melhor qualidade geral da alimentação e melhor satisfação pessoal. O hábito de cozinhar se associa também à diversão. Resgatar esse hábito pode ser uma grande oportunidade de auxiliar no tratamento da obesidade e ainda melhorar o convívio familiar.

Tão importante quanto a quantidade e a qualidade dos alimentos, é o prazer à mesa e a boa relação com a alimentação, independente do grau de obesidade de cada um. A mudança de hábitos é um processo, gradativo, e cada pessoa tem o seu ritmo. Cada passo dado e mantido, é uma grande conquista, que merece ser valorizada e celebrada.

BR22OB00093 - Ago./2022

Referência   1. Departamento de Atenção da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf. Acesso em: 13/07/2022. 2. Hospital do Coração, Ministério da Saúde. Alimentação Cardioprotetora: manual de orientações para os profissionais de saúde da Atenção Básica. 2018. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/alimentacao_cardioprotetora_orien_pro_saude_ab.pdf. Acesso em: 13/07/2022. 3. Universidade Federal de Minas Gerais, Ministério da Saúde. Instrutivo de Abordagem Coletiva para manejo da obesidade no SUS. 2018. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/instrutivo_manejo_obesidade.pdf. Acesso em: 13/07/2022. 4. Brown J, Clarke C, Johnson Stoklossa C, Sievenpiper J. Canadian Adult Obesity Clinical Practice Guidelines: Medical Nutrition Therapy in Obesity Management. Disponível em: https://obesitycanada.ca/guidelines/nutrition. Acesso em: 05/07/2022. 5. Hall KD, Ayuketah A, Brychta R et al. Ultra-Processed Diets Cause Excess Calorie Intake and Weight Gain: An Inpatient Randomized Controlled Trial of Ad Libitum Food Intake. Cell Metab. Julho de 2019. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31105044/. Acesso em: 13/07/2022.

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