Lipedema pode ser confundido com obesidade
Lipedema pode ser confundido com obesidade

Lipedema afeta mais de uma em cada dez mulheres e pode ser confundido com obesidade

O lipedema é uma doença vascular crônica que causa um acúmulo anormal de gordura em certas regiões do corpo, sobretudo nos membros inferiores. Ele ocorre quase exclusivamente em mulheres e acomete até 11% delas. Por causar gordura localizada e flacidez, o lipedema é frequentemente encarado como obesidade, mas são condições diferentes. Aliás, ele nem sempre vem acompanhado de excesso de peso. O diagnóstico incorreto prejudica o tratamento do lipedema, que não responde tão bem a abordagens usadas para controle da obesidade, como exercícios físicos, por exemplo. Continue a leitura para saber mais sobre o problema.

Quais as diferenças entre lipedema e obesidade?

Tanto a obesidade quanto o lipedema são condições crônicas que podem ter um impacto significativo na qualidade de vida. No entanto, não são a mesma coisa. Confira algumas diferenças importantes entre elas:

Distribuição da gordura – a gordura da obesidade tende a ser distribuída de forma mais uniforme no corpo. Já no lipedema, os depósitos de gordura costumam causar dor e ficam concentrados, principalmente, nas nádegas, pernas e, às vezes, no braços.
Tipo de gordura – no caso do lipedema, a gordura subcutânea, localizada abaixo da pele, é a que predomina. Por ter atividade metabólica menor do que a gordura visceral, aquela localizada entre os ór-gãos na região abdominal, é mais difícil perdê-la. No caso da obe-sidade, podem predominar a gordura visceral ou subcutânea.
Tratamento – na obesidade, a gordura pode ser eliminada por meio de alimentação equilibrada e exercício físico, mesmo que haja dificuldade, o que não acontece em casos de lipedema – embora a mudança de estilo de vida também seja indicada para pacientes com esta condição. Outra diferença é que a lipoaspiração (cirurgia em que a gordura é removida) pode ser uma opção de tratamento para alguns casos de lipedema, mas não de obesidade.

O que causa o lipedema?

A causa do lipedema ainda não está totalmente esclarecida, mas já se sabe que há um fator hereditário. Ou seja, é comum que mulheres da mesma família desenvolvam o problema. Além disso, é possível que o lipedema seja desencadeado pela ação dos hormônios femininos estrogênio e progesterona, o que explica porque ele atinge majoritariamente pessoas do sexo feminino e, normalmente, tem início ou piora em fases de mudanças hormonais, como puberdade, gestação e menopausa. 

Os fatores de risco para o lipedema

Quais são os sinais e sintomas do lipedema?

O lipedema é uma condição progressiva e, se não for tratado corretamente, leva a mais acúmulo de gordura e até a incapacidade de locomoção. Então, é importante entrar em contato com o médico no surgimento de sinais e sintomas do problema, até mesmo para que o especialista avalie se não se trata de outra doença com sintomas semelhantes. Pessoas afetadas pelo lipedema podem apresentar:

    ✓ Depósitos de gordura simétricos nos quadris, pernas e, em estágios mais avançados, braços. Mãos e pés não são afetados, geralmente;

    ✓ Acúmulo de gordura na região do tornozelo, conhecido como “sinal do manguito”;

    ✓ Desproporção entre as pernas e o tronco;

    ✓ Inchaço, que piora ao longo do dia;

    ✓ Dor e sensibilidade ao toque; 

    ✓ Hematomas frequentes; 

    ✓ Flacidez de pele;

    ✓ Pequenas varizes ou vasinhos nas áreas afetadas;

    ✓ Celulite;

    ✓ Pele fria e macia na região afetada;

    ✓ Surgimento de pequenos nódulos no local; 

    ✓ Sensação de peso nos membros afetados;

    ✓ Limitação da mobilidade, à medida que a condição piora;

    ✓ Desenvolvimento de linfedema, que é o acúmulo de fluido linfático nos tecidos do corpo, devido ao bloqueio dos vasos do sistema linfático pelas células de gordura. 

Como é feito o tratamento do lipedema?

Embora não exista cura para o lipedema, o tratamento adequado pode ajudar no controle do quadro e melhora da qualidade de vida. Quanto mais cedo a condição começa a ser tratada, maior a chance de responder às terapias prescritas. É imprescindível contar com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, formada por angiologista, cirurgião vascular, nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo, entre outras especialidades. O tratamento do lipedema pode envolver mudanças no estilo de vida, intervenções medicamentosa e cirúrgica. Saiba mais sobre as principais opções terapêuticas:

Alterações na alimentação – a alimentação demanda um cuidado especial no controle do lipedema. Por isso, o acompanhamento com nutricionista é fundamental, pois o profissional irá elaborar um cardápio saudável direcionado para reduzir a inflamação do organismo, melhorar a retenção de líquidos e auxiliar no controle do peso, quando necessário. De forma geral, recomenda-se uma alimentação saudável e equilibrada.
Prática de exercícios físicos – podem ajudar na melhora da circulação, no fortalecimento muscular, no aumento da mobilidade e no controle do peso. Os mais indicados são os exercícios de baixo impacto, como natação e hidroginástica, pois não sobrecarregam as articulações. É importante que eles sejam feitos com o aval do médico e a supervisão de um educador físico.
Drenagem linfática manual – é uma forma de massagem suave que tem como objetivo estimular o sistema linfático – aquele que recolhe impurezas pelo organismo e abriga as células de defesa. A técnica pode ajudar a drenar o fluido linfático das áreas bloqueadas para os vasos saudáveis do corpo. Com isso, ela diminui o risco de fibrose e aumenta o fluxo sanguíneo para a área, o que auxilia na redução da dor.
Tratamento medicamentoso – o uso de medicamentos e suplementos fitoterápicos pode ser indicado para o alívio de sintomas secundários, porém costuma ser mais eficaz quando há algum distúrbio de origem vascular associado ao lipedema. Somente um médico poderá avaliar cada caso.
Terapia de compressão – envolve o uso de bandagens ou meias especiais que aumentam a pressão sobre as áreas afetadas, diminuindo as chances de acúmulo de fluidos.
Lipoaspiração – geralmente, a cirurgia é indicada somente quando as opções de tratamento clínico não deram resultado. A lipoaspiração visa remover a gordura do lipedema, proporcionando menos desconfortos e mais qualidade de vida. No procedimento, um cirurgião insere um instrumento oco sob a pele e aspira o tecido adiposo.

BR22OB00145 - Dez./2022

Referências:  1. Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – SBACV. Acúmulo de gordura nas pernas e braços pode ser sinal de doença vascular. Disponível em: https://sbacv.org.br/lipedema/. Acesso em 20/09/22. 2.  Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – SBACV. Lipedema. Disponível em: https://sbacvsp.com.br/lipedema/. Acesso em 20/09/22. 3.  Victoria State Government. Lipoedema. Disponível em: https://www.betterhealth.vic.gov.au/health/conditionsandtreatments/Lipoedema#diagnosis-of-lipoedema. Acesso em 20/09/22. 4.  Cleveland Clinic. Lipedema. Disponível em: https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/17175-lipedema. Acesso em 20/09/22. 5.  Dunkin, MA. Lipedema. Disponível em: https://www.webmd.com/women/guide/lipedema-symptoms-treatment-causes. Acesso em 20/09/22. 6.  Medical News Today. Lipedema: Diagnosis, causes, and types. Disponível em: https://www.medicalnewstoday.com/articles/lipedema-stages#definition. Acesso em 20/09/22. 7.  Silva CM, Ritzmann IC, Beneli BF et al. Lipedema: definição, sintomas, diagnóstico e tratamento. 2020;2(1). Disponível em: https://revistas.unilago.edu.br/index.php/revista-medicina/article/view/418. Acesso em 01/11/2022. 8.  Amato A, Benitti D. Lipedema. 2019;1(1):9-49. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/335524193_Lipedema. Acesso em 01/11/2022.

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