Por que a obesidade é considerada uma condição crônica, progressiva e recidivante
Por que a obesidade é considerada uma condição crônica, progressiva e recidivante?

Por que a obesidade é considerada uma condição crônica, progressiva e recidivante?

Até pouco tempo atrás, a obesidade e o sobrepeso eram considerados fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Mas, nas últimas décadas, essas condições passaram a ser reconhecidas como doenças crônicas por si só. Causadas por uma combinação de fatores genéticos, fisiológicos, ambientais e comportamentais, as DCNT demandam cuidados contínuos para que não progridam.

O que é uma doença crônica?

As doenças crônicas são classificadas dessa forma por apresentarem características comuns, como:

    🗸 Aparecem gradualmente e têm prognóstico difícil de ser compreendido;

    🗸 Se manifestam de formas diferentes ao longo de tempo;

    🗸 Podem gerar incapacidades físicas, como perda de mobilidade, e também neurológicas;

    🗸 Requerem mudanças no estilo de vida;

    🗸 Demandam cuidados para toda a vida, já que não têm cura;

    🗸 Possuem alta taxa de mortalidade.

No mundo, 41 milhões de pessoas morrem a cada ano em decorrência de doenças crônicas, o que corresponde a 74% de todas as mortes anuais, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

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A obesidade é uma doença crônica?

A OMS reconheceu a obesidade como uma condição crônica em 1948. Assim como o diabetes, a hipertensão e as doenças cardiovasculares, a obesidade é uma doença crônica relacionada ao excesso de tecido adiposo, que aumenta o risco de complicações médicas no longo prazo e pode reduzir a expectativa de vida da pessoa. Além disso, a obesidade apresenta características de doenças progressivas e recidivantes, tais como:

Doença progressiva - o ganho de peso causa uma série de alterações hormonais, metabólicas e fisiológicas no organismo que aumentam a probabilidade de acúmulo de gordura e dificultam a perda de peso. Dessa forma, o próprio mecanismo da obesidade favorece o ganho de peso, de maneira progressiva.

Doença recidivante - tratamentos pontuais, de curto prazo, não alteram os fatores genéticos que impulsionam e mantêm o ganho de peso em pessoas com obesidade. Dessa forma, mesmo após a perda ou manutenção de peso por um tempo, existe a possibilidade de reganho, pois o organismo sempre busca o retorno do peso perdido.

Existem vários critérios para o diagnóstico da obesidade. Para uma triagem inicial da obesidade na maioria das pessoas, pode ser calculado o índice de massa corporal (IMC). É uma avaliação rápida e fácil de ser feita, mas que nem sempre leva em consideração a massa muscular.

Já a avaliação do percentual de gordura corporal, através da bioimpedância, é uma avaliação mais específica, que leva em conta também a massa magra. Outro método complementar de avaliação usado é a medição da circunferência da cintura, que melhor se relaciona com o risco de doenças metabólicas e doenças cardiovasculares.

Como a obesidade é uma doença multifatorial, crônica com manifestações que podem variar de pessoa para pessoa, o tratamento precisa ser individualizado e envolver profissionais de diferentes especialidades, conforme a necessidade.

É importante compreender a obesidade como uma doença crônica, progressiva e recidivante porque:

 


Ajuda no reconhecimento da obesidade como condição de saúde, não como uma escolha individual de estilo de vida ou “falta de força de vontade” de quem a possui.

Auxilia na compreensão de que os cuidados de pessoas com obesidade vão além da perda de peso.

Facilita a mudança do estigma social de que as pessoas com obesidade não têm determinação e precisam apenas comer menos e se exercitar mais.

Ajuda a reduzir a culpa e a sensação de falha da pessoa com obesidade, uma vez que ela passa a compreender que a condição é resultado de uma combinação complexa de fatores genéticos, fisiológicos e ambientais.

 

Quais são os fatores de risco para obesidade?

O ganho de peso ocorre quando a quantidade de calorias consumidas excede a quantidade de calorias que o corpo usa no desempenho de funções biológicas básicas, atividades diárias e exercícios. Ele pode ser causado pela alimentação inadequada, falta de atividades físicas e outras condições que afetam o equilíbrio energético e o acúmulo de gordura, que não envolvem ingestão calórica excessiva ou falta de exercícios, tais como:

    🗸 Síndrome metabólica;

    🗸 Genética;

    🗸 Tempo de sono insuficiente;

    🗸 Tabagismo;

    🗸 Consumo excessivo de bebidas alcóolicas;

    🗸 Uso de medicamentos que favorecem o ganho de peso.

Além disso, existem ambientes obesogênicos, ou seja, que contribuem para hábitos de alimentação não saudáveis, para a falta de atividades físicas ou para outros fatores de risco, como o estresse e o tabagismo.

A obesidade pode causar outros problemas de saúde?

A obesidade está relacionada a mais de 200 outras condições de saúde - também chamadas de comorbidades. As mais comuns estão listadas abaixo:

    🗸 Apneia do sono;

    🗸 Depressão;

    🗸 Hipertensão;

    🗸 Diabetes tipo II;

    🗸 Doenças cardiovasculares;

    🗸 Doenças do trato digestivo;

    🗸 Doenças hepáticas;

    🗸 Pancreatite;

    🗸 Osteoartrite;

    🗸 Alguns tipos de câncer.

É importante ter em vista que o controle da obesidade diz respeito à melhora da saúde e bem-estar das pessoas com obesidade, não sendo apenas sobre a perda de peso.

BR22OB00189 – Jan./2023

Referências:  1. Secretaria Especial de Comunicação de São Paulo. Doenças Crônicas Não Transmissíveis são a maior causa de mortes no Brasil. 11 de junho de 2022. Disponível em: https://www.capital.sp.gov.br/noticia/doencas-cronicas-nao-transmissiveis-sao-a-maior-causa-de-mortes-no-brasil. Acesso em: 22/11/2022; 2. Organização Mundial da Saúde. Noncommunicable diseases. 16 de setembro de 2022. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/noncommunicable-diseases. Acesso em: 22/11/2022; 3. Ministério da Saúde. Diretrizes para o cuidado de pessoas com doenças crônicas nas redes de atenção à saúde e nas linhas de cuidado prioritárias. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes%20_cuidado_pessoas%20_doencas_cronicas.pdf. Acesso em: 22/11/2022; 4. Hale I, Manjoo P. Obesity as chronic disease. BCMJ. Disponível em: https://bcmj.org/cohp/obesity-chronic-disease. Acesso em 22/11/2022; 5. American Society for Metabolic and Bariatric Surgery. Disease of Obesity. Disponível em: https://asmbs.org/patients/disease-of-obesity. Acesso em: 22/11/2022; 6. Prefeitura de Maceió. Gerência de Atenção às Doenças Crônicas. Disponível em https://maceio.al.gov.br/p/sms/centro-de-referencia-em-doencas-cronicas. Acesso em: 22/11/2022; 7. Burki T. European Commission classifies obesity as a chronic disease. 1 de julho de 2021. Disponível em https://www.thelancet.com/journals/landia/article/PIIS2213-8587(21)00145-5/fulltext. Acesso em: 22/11/2022; 8. Melo ME. Doenças desencadeadas ou agravadas pela obesidade. Disponível em https://abeso.org.br/wp-content/uploads/2019/12/5521afaf13cb9-1.pdf. Acesso em: 22/11/2022; 9. National Heart, Lung and Blood Institute. Overweight and Obesity. Disponível em https://www.nhlbi.nih.gov/health/overweight-and-obesity/causes. Acesso em: 22/11/2022; 10. Fitch AK, Bays HE. Obesity definition, diagnosis, bias, standard operating procedures (SOPs), and telehealth: An Obesity Medicine Association (OMA) Clinical Practice Statement (CPS) 2022. Obesity Pillars, volume 1. Março de 2022. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2667368121000048. Acesso em: 22/11/2022; 11. Obesity Open. Clinical Obesity. Disponível em: https://obesityopen.org/content/uploads/2020/07/Clinical-Obesity.pdf. Acesso em: 14/12/2022.

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