Obesidade em homens e mulheres
Obesidade em homens e mulheres

Mais de 130 milhões de brasileiros estão com excesso de peso, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)1. A obesidade atinge 22,6% das mulheres e 22% dos homens, enquanto o índice de sobrepeso é de 59,9% entre o sexo masculino e de 55% entre o feminino, de acordo com a pesquisa Vigitel 2021, realizada pelo Ministério da Saúde2.

Apesar das estatísticas serem semelhantes, existem algumas diferenças entre os gêneros no que diz respeito ao excesso de gordura corporal. Um estudo norte-americano, publicado em abril de 2023, revelou que a obesidade afeta diferentes partes do cérebro em mulheres e em homens3.

Foram analisados exames de ressonância magnética e características clínicas de 183 participantes. As mulheres com obesidade exibiram mudanças nas regiões cerebrais relacionadas à emoção e que estavam ligadas a um nível maior de food craving (termo que significa um desejo intenso de consumir um alimento específico) – principalmente durante o período menstrual. Já nos homens, as regiões do cérebro relacionadas à obesidade foram associadas a sensações físicas do intestino ligadas ao desconforto abdominal e à fome3.

Uma pesquisa realizada na Inglaterra com 230 mil mulheres e 195 mil homens, publicada em 2019, mostrou que os impactos da obesidade na saúde também são diferentes entre os gêneros. Embora o risco de desenvolver diabetes tipo 2 exista para ambos, nas mulheres ele é mais elevado. Já os homens apresentam risco maior de sofrer com doenças pulmonares e problemas renais associados ao excesso de peso4.

Distribuição da gordura corporal

A forma como a gordura corporal está distribuída no corpo geralmente é diferente entre homens e mulheres. As mulheres costumam apresentar a obesidade periférica, que é quando a gordura se acumula nos quadris e nas coxas – popularmente chamado de forma de “pera”. Os homens tendem a ter a obesidade central, em que o acúmulo de gordura acontece na região abdominal – a forma de “maçã”5-6.

Homem vs. Mulher

A gordura na região da cintura é, em muitos casos, visceral, e se deposita em torno de órgãos internos, como fígado e intestino. Esse tipo de gordura é mais inflamatória e causa mais problemas à saúde, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, síndrome metabólica, apneia do sono (distúrbio que faz a respiração ser interrompida algumas vezes enquanto a pessoa está dormindo) e câncer5-6.

Esses riscos também existem quando o acúmulo de gordura é na região dos quadris e coxas, mas em menor proporção. O problema é que, principalmente após a menopausa, ocorre uma queda na produção de estrogênio (hormônio que regula o balanço de energia e pode provocar aumento de peso) no organismo da mulher e ela também pode começar a acumular gordura na região abdominal. Com isso, há um aumento do risco de doenças cardiovasculares e metabólicas durante os anos pós-menopausa5-6-7.

Outras doenças associadas

A obesidade também está relacionada a outras questões femininas. Um exemplo é a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), uma disfunção reprodutiva e metabólica que está muito associada ao excesso de peso8-9.

 

A fertilidade feminina também é prejudicada: mulheres com obesidade têm mais irregularidade menstrual e menores chances de engravidar naturalmente em um ano (66%, contra 81% entre mulheres sem a condição), além de um risco maior de perda gestacional. A obesidade também é um fator de risco para o câncer de endométrio e de mama8-9.

Já a obesidade em homens pode provocar disfunções sexuais (como dificuldade de ereção, ausência de orgasmo e alterações da ejaculação) porque reduz a produção da testosterona, o principal hormônio masculino. Além disso, é um fator de risco para infertilidade e câncer de próstata10-11.

Tratamento individualizado

A jornada da perda de peso é mais bem sucedida quando é acompanhada por uma equipe multidisciplinar de profissionais qualificados, composta por médico, psicólogo, nutricionista e profissional de educação física, que irão avaliar o estado de saúde como um todo e indicar o melhor caminho a ser percorrido12.

 

Referências: 1. Pesquisa nacional de saúde: 2019: percepção do estado de saúde, estilos de vida, doenças crônicas e saúde bucal: Brasil e grandes regiões. IBGE 2020. Disponível em https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101764.pdf . Acesso em junho de 2023. 2. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico (Vigitel 2021). Ministério da Saúde. Disponível em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigitel_brasil_2019_vigilancia_fatores_risco.pdf. Acesso em junho de 2023. 3. Bhatt RR, Todorov S et al. Integrated multi-modal brain signatures predict sex- specific obesity status. Brain Commun. 2023 Apr 4; 5(2):1-14. 4. Censin JC, Peters SAE et al. Causal relationships between obesity and the leading causes of death in women and men. Plos Genet. 2019 Oct 24; 15(10): e1008405. 5. Gruzdeva O, Borodkina D et al. Localization of fat depots and cardiovascular risk. Lipids Health Dis. 2018 Sep; 17:218. 6. Alencar AKN, Wang H et al. Relações entre a redução de Estrogênio, obesidade e insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada. Arq Bras Cardiol. 2021 Dec;117(6):1191-1201. 7. A menopausa causa obesidade? Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso). Disponível em https://abeso.org.br/a-menopausa-causa-obesidade/. Acesso em junho de 2023. 8. Azarbad L, Gonder-Frederick L. Obesity in women. Psychiatr Clin North Am. 2010 Jun;33(2):423-40. 9. Obesidade na mulher. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Disponível em https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/OrientaesZeZRecomendaesZ-ZObesidade.pdf. Acesso em junho de 2023. 10. Kim KB, Shin YA. Males with obesity and overweight. J Obes Metab Syndr. 2020 Mar 30;29(1):18-25. 11. Albayrak AT, Serefoglu EC. Obesity and men's health. Istanbul: Academic Press; 2019 12. Mendes AA, Ieker ASD et al. Multidisciplinary programs for obesity treatment in Brazil: A systematic review. Rev. Nutr. 2016 Nov-Dec; 29(6):867-884.

BR23OB00074 – Julho/2023