A obesidade é uma doença crônica, definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o acúmulo anormal ou excessivo de gordura no corpo. O tratamento da obesidade precisa ser de longa duração. Para além do controle, é preciso evitar outras complicações que aparecem com o tempo e resultam em um menor expectativa de vida.40
Nas crianças e adolescentes, o excesso de peso costuma causar principalmente doenças do coração, Diabetes Mellitus tipo 2 e problemas psicológicos.5,14 Quem tem obesidade na infância tem muito mais chance de se tornar um adulto com obesidade.
22,4% da população acima de 18 anos das capitais brasileiras tem obesidade¹⁵
Mais de 122 milhões de pessoas estão acima do peso¹⁵
O percentual de pessoas com obesidade cresceu 72% no Brasil nos últimos 13 anos¹⁶
75% dos óbitos no Brasil acontecem por doenças associadas à obesidade¹⁷
De cada três crianças no Brasil, uma está acima do peso¹⁸
28,1% das crianças entre 5 e 9 anos apresentam excesso de peso e, dessas, 13,2% têm obesidade.¹⁹
27,9% dos adolescentes têm excesso de peso e 9,7% obesidade.¹⁹
A obesidade entre crianças de 5 a 9 anos no Brasil cresceu mais de
quatro vezes desde 1989²⁰
A obesidade mundial quase triplicou desde 1975²¹
Segundo a OMS, mais de 1,9 bilhão de pessoas no mundo apresentam excesso de peso. Destas, mais de 650 milhões têm obesidade⁵
A proporção de crianças com obesidade no mundo dobrou desde o ano 1975²²
Mais de 157 milhões de crianças e adolescentes no mundo vivem hoje com obesidade²³
O sobrepeso ou a obesidade atinge mais de 340 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 19 anos no mundo⁵
Crianças com obesidade têm 75% mais chances de se tornarem adolescentes com obesidade. Entre os adolescentes com obesidade, 89% podem se tornar adultos com a doença.¹⁸
A obesidade não é simplesmente uma consequência da falta de força de vontade. Por causa de uma série de fatores (hormonal, inflamatório, medicamentoso, genético), pessoas com obesidade não costumam ficar saciadas com a mesma quantidade de comida que as pessoas de peso considerado adequado.⁶ Se elas emagrecem, o cérebro entende que o corpo precisa poupar energia, o que acaba ajudando a ganhar peso de novo.²⁴
A ciência também mostra que, nos últimos 40 anos o número de crianças e adolescentes obesos no mundo aumentou em 10 vezes.⁴⁴ Se essa tendência continuar, até 2022 poderemos ter mais casos de obesidade infantil do que crianças com baixo peso corporal.²⁵
Número proporcional de crianças e adolescentes de 5 a 19 anos com obesidade ou sobrepeso no mundo:
Em nossos corpos, a obesidade aparece quando a energia ingerida com os alimentos supera muito a quantidade de energia gasta nas atividades diárias. Outros fatores também interferem, como a genética, a situação socioeconômica e o ambiente em que vivemos.
É fácil perceber isso hoje observando-se as mudanças causadas pela tecnologia no estilo de vida dos mais jovens. As atividades e brincadeiras ao ar livre, por exemplo, perderam espaço para telas e jogos eletrônicos. Os hábitos alimentares também mudaram. Hoje, consumimos mais alimentos ultraprocessados/processados ou fast-food, que ficaram mais acessíveis. Por isso, "muitas vezes" crianças e adolescentes consomem menos alimentos saudáveis.26,27
Para compreender a obesidade infantil é preciso lembrar de suas diversas causas:
Genética: Pessoas da mesma família muitas vezes convivem com excesso de peso, mesmo que não vivam juntas.28-30
Alimentação: Comidas processadas e industrializadas costumam contribuir para o ganho de peso, pois possuem muitas calorias e gorduras ruins em sua composição.1
Estilo de vida: As crianças e adolescentes de hoje dedicam
menos tempo a exercícios físicos e mais tempo aos eletrônicos, o que
as deixa mais sedentárias.1
Medicamentos: Algumas medicações como remédios usados no tratamento de depressão, diabetes e corticoides (recomendados contra alergias e inflamações) podem levar ao ganho de peso.1
Hormônios: Crianças e adolescentes podem ter alterações
glandulares que propiciam o ganho de peso (ex: deficiência do hormônio
de crescimento, alteração na tireoide).31,32
Fatores psicológicos: O aumento de peso pode estar ligado a questões emocionais e à qualidade de vida como: baixa autoestima, preconceito, depressão, ansiedade, insatisfação com o corpo e dietas não saudáveis.33
Complicações neurológicas: A obesidade também pode ser causada
por lesão ou tumor cerebral, radioterapia e inflamação do hipotálamo
(uma parte do cérebro).32
O excesso de gordura no corpo pode desencadear ou agravar muitas doenças, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares (hipertensão, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca congestiva e embolia pulmonar), apneia do sono, alguns tipos de câncer, problemas no fígado e de circulação sanguínea.5
Em mulheres, a obesidade também aumenta o risco de infertilidade.34,35
Diabetes tipo 2
Doença cardiovascular
Doença de vesícula biliar
Dislipidemia
Câncer
Osteoartrite
IDADE REPRODUTIVA
RISCO elevado de:
Infertilidade³⁵
Complicações maternas e fetais durante a gravidez³⁵
Doenças crônicas não transmissíveis (dcnts), como diabetes tipo 2, em idade mais avançada³⁵
Filhos de mulheres com obesidade têm maior risco de desenvolver obesidade e outras doenças crônicas posteriormente³⁹
MEIA-IDADE
RISCO elevado de:
Múltiplas comorbidades³⁵
(como infertilidade, doenças cardiovasculares, diabetes)
Menos oportunidades de emprego³⁷
Impactos psicológicos³⁵
IDADE AVANÇADA
RISCO elevado de:
Redução da expectativa de vida⁴⁰
Redução da funcionalidade física⁴⁰
IDADE AVANÇADA
RISCO elevado de:
Hipertensão⁴¹
Câncer⁴¹
Apneia do sono⁴¹
Eventos tromboembólicos⁴¹
Diabetes⁴¹
Disfunção erétil⁴¹
INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
RISCO elevado de:
Diversas condições médicas na infância e adolescência, como, por exemplo, síndrome metabólica, síndrome de ovário policístico, diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia, esteatose hepática não alcoólica e complicações ortopédicas³⁸
Impacto sobre o bem-estar social e emocional³⁸
Qual é a sua percepção sobre o tratamento da obesidade? A resposta a essa pergunta foi objeto do maior estudo comportamental que investigou o manejo do paciente com obesidade sob a perspectiva deles e dos médicos. Espalhados em 11 países, 14.500 pacientes e 2.800 profissionais de saúde foram ouvidos no estudo ACTION IO (Awareness, Care, and Treatment In Obesity MaNagement – an International Observation).⁴²
Os resultados, que você pode conferir a seguir, lançam luz sobre a necessidade de se encarar a obesidade como uma doença séria, cujo tratamento deve ser individualizado e contínuo. Além disso, expõe o estigma pelo qual passa o paciente, retardando a busca por assistência médica.